quarta-feira, 28 de outubro de 2009
O Complexo Agro-industrial da Avicultura de Corte
1. Introdução
A avicultura é um dos componentes mais importantes do agribusiness mundial e nacional. Como se sabe, agribusiness ou agronegócios envolve a produção agrícola propriamente dita, as atividades ligadas no suporte à produção, conhecidas como "backward linkages"(ligações para trás), e as relacionadas com o processo agroindustrial e de suporte ao fluxo de produtos até a mesa do consumidor final, conhecidas como "forward linkages" (ligações para a frente).
No suporte à produção vinculam-se com o setor agrícola as indústrias de fertilizantes, defensivos, máquinas e equipamentos agrícolas, financiamentos (crédito rural para investimento e custeio), pesquisa agropecuária e os transportes desses insumos. Na fase de distribuição e processamento vinculam-se os transportadores dos produtos agrícolas, o processamento, a avicultura, a suinocultura, os agentes financeiros que apóiam a comercialização, os armazenadores e o comércio (atacado e varejo), neste último encaixando-se inclusive o importante setor de alimentação comercial (restaurantes, lanchonetes, bares, etc).
O setor agrícola é visto como o centro dinâmico de um conjunto de atividades que presentemente representa mais de 40% do PIB ( cerca de US$ 321,2 bilhões) e é responsável pelo emprego de 52% da População Economicamente Ativa (PEA) do Brasil (mais de 36,4 milhões de pessoas).
O desenvolvimento da avicultura pode ser considerado como a síntese e o símbolo do crescimento e modernização do agronegócio no Brasil. Isso porque a atividade avícola reúne em sua estrutura funcional os três elementos mais importantes no cálculo econômico do capitalismo em sua configuração atual: tecnologia de ponta, eficiência na produção e diversificação no consumo.
2. O Desenvolvimento da Avicultura
A produção avícola em escala industrial, tal como existe hoje, iniciou-se praticamente na década de cinqüenta, com o surgimento de várias inovações tecnológicas na área biológica e sanitária. Antes, a criação de aves restringia-se à criação de fundo de quintal, com baixos índices de produtividade, basicamente para auto-consumo. Os pequenos excedentes eram vendidos abatidos ou vivos na feiras ou mercados centrais dos centros urbanos.
Com a superação de alguns impasses de natureza sanitária que impediam a criação em grandes aglomerações, é que a atividade começou a despertar o interesse de grandes empresas, que por seu turno, passaram a investir pesadamente em pesquisa biológica para reduzir o ciclo produtivo e a relação "input/output".
Nos últimos setenta anos, a idade de abate do frango caiu de mais de 100 dias para menos de 40 dias e o peso de abate aumentou de 1,5 kg para 2,4 kg (cerca de 60%). Esses avanços foram obtidos através dos avanços genéticos na obtenção de híbridos, na sanidade com o uso de vacinas, na nutrição com o aperfeiçoamento e redução do custos das rações e na criação de um meio-ambiente favorável ao crescimento das aves, por meio da instalação de equipamentos desenhados especificamente para atender as novas exigências da produção em larga escala.
Quadro 1: Evolução tecnológica da avicultura
Década
Natureza
Evento
1950-1960
Genética
Cruzamentos/Híbridos
1960-1970
Sanitária
Higiene/Profilaxia/Vacinas
1970-1980
Nutrição
Programação Linear
1980-1990
Manejo
Instalações e Equipamentos
1990-2000
Meio Ambiente
Controle e Climatização
2000-2010
Marketing
Qualidade/Diferenciação
Fonte: Schorr, Hélio, 1999.
A justificativa mais simplista para a expansão do mercado da carne de frango é a de que é o produto de origem animal que melhor responde aos desafios de alimentação do homem moderno (qualidade nutricional e resposta eficiente aos problemas do sedentarismo, estresse, etc.). Mas a contínua expansão da indústria do frango tem, sobretudo, razões técnicas e econômicas.
Do ponto de vista técnico-científico, por exemplo, o frango (comparativamente a suínos e bovinos) tem uma ciclo de vida incomparavelmente mais curto, fator que o torna muito mais apto ao desenvolvimento de experimentos. E isso tem proporcionado ganhos extraordinários ao setor, seja no ganho de peso, na redução do período de criação, no mais eficiente controle de doenças, na melhor conversão (em carne) do alimento consumido (tabela 1).
Com os ganhos técnicos ganha-se, também, economicamente. E o aumento na rapidez de resposta, aliado à alta conversibilidade de matérias-primas vegetais, se traduz numa produção proporcionalmente maior de carne em menor espaço de tempo e a custos cada vez mais acessíveis. Daí, obviamente, a opção maior da economia pela produção avícola.
Tabela 1: Evolução da conversão alimentar para o frango de corte
ANO
Peso do frango (g)
Conversão alimentar
Idade (dias)
1930
1.500
3,50
105
1940
1.550
3,00
98
1950
1.800
2,50
70
1960
1.600
2,25
56
1970
1.800
2,00
49
1980
1.700
2,00
49
1984
1.860
1,98
45
1989
1.940
1,96
45
2001
2.240
1,78
41
Nos últimos vinte anos a produção mundial de carnes praticamente duplicou, passando de aproximadamente 90 milhões de toneladas em 1978 para mais de 170 milhões de toneladas em 1998, graças ao desempenho da produção de carne de frango, em menor escala da carne suína, que é a mais consumida no mundo.
Na década de noventa, entre 1990 e 1998, a produção mundial de carnes cresceu 20,2%, e a carne de frango continuou apresentando o melhor desempenho com 45,4% de aumento, seguido da carne suína com 29,0%. Nesse período, a produção de carne bovina, apresentou uma tendência ligeiramente declinante, passando de 51,8 milhões de toneladas para 49,1 milhões de toneladas.
No Brasil, o desenvolvimento da avicultura acompanhou a expansão da produção de grãos, iniciado em larga escala a partir de meados da década de sessenta.
O grande crescimento da produção de grãos (principalmente da soja) foi a força motriz no processo de transformação do agribusiness brasileiro e, portanto, da avicultura. Entre 1965 e 1999, a produção de grãos passou de 25 milhões de toneladas para 83 milhões de toneladas, um crescimento de 232%. O melhor desempenho ficou por conta da soja cuja produção em 1965 era praticamente inexistente, em 1970 atingiu mais de 5 milhões de toneladas, em 1980 passou para 15 milhões e em 1999 para 31 milhões. A produção de milho evoluiu de 12 milhões de toneladas em 1965 para 32 milhões em 1999(166% de aumento).
O consumo percapita cresceu mais de 1000% passando de 2,3 kg em 1970 para 23,4kg em 1998. O consumo percapita das demais proteínas animais evoluiu mais lentamente. O de carne bovina passou de 12,1 kg para 29,6 (um incremento de 147%) e o de carne suína ficou praticamente estagnado, passando de 8,1kg para 9,1 kg.
Vale notar a alta taxa de crescimento do consumo percapita de carne de frango na década de noventa (mais de 74%), grande parte devido à estabilização da economia.
Além de ser a segunda proteína animal mais consumida no país, a carne de frango tornou-se um dos principais itens da balança comercial agrícola brasileira.
Apesar de a partir de meados da década de setenta, a produção de aves ter acompanhado a expansão da produção de grãos em outras regiões do país, a região sul continua sendo a maior produtora, respondendo ainda por mais de 50% da produção de carne de frango.
Entre 1990 e 1998 a produção brasileira passou de 2,36 milhões de toneladas para 4,50 milhões de toneladas (cerca de 90,7% de aumento).
A produção avícola industrial foi a primeira a aplicar em larga escala o sistema de integração vertical (a grande maioria via contratos), o qual garante a produção dentro de padrões tecnológicos e de qualidade bem definidos (por meio do manejo supervisionado e do controle no suprimento dos insumos) e a compra e distribuição do produto final. Essa se processa tanto através das grandes cadeias de supermercados como das pequenas lojas de conveniência, feiras e tradings voltadas para o comércio exterior.
Atualmente o Brasil é o terceiro maior produtor mundial, depois dos Estados Unidos e da União Européia (Tabela 5).
Tabela 5: Principais Produtores Mundiais de Carne de Frango
EM MILHARES DE TONELADAS
MAIORES PRODUTORES
1998
1999
2000
2001
2002(p)
2003(f)
ESTADOS UNIDOS
12.525
13.367
13.703
14.033
14.519
14.808
UNIÃO EUROPÉIA
6.789
6.614
6.654
6.822
6.750
6.760
BRASIL
4.498
5.526
5.980
6.567
7.040
7.180
CHINA
3.450
4.400
5.050
5.200
5.400
5.450
MÉXICO
1.587
1.784
1.936
2.067
2.188
2.297
JAPÃO
1.097
1.078
1.091
1.074
1.090
1.080
TAILÂNDIA
930
980
1.070
1.230
1.320
1.380
CANADÁ
798
847
877
927
945
975
ÍNDIA
710
820
1.080
1.250
1.400
1.500
MALÁSIA
660
684
786
813
832
846
OUTROS PAÍSES
6.523
6.631
6.866
6.905
6.940
6.059
PRODUÇÃO MUNDIAL
40.234
43.412
45.800
47.618
49.169
49.095
(p) preliminar / (f) previsãofonte: USDAElaboração: APA
Atualmente o complexo agro-industrial da avicultura é constituído basicamente de três tipos de empresas: as empresas líderes, como a SADIA e PERDIGÃO, as empresas emergentes e as pequenas empresas.
A tendência é que as empresas líderes deixem de atuar diretamente na produção de aves e passem atuar mais em marketing, no desenvolvimento de produtos (dentro do conceito de marca própria) e na criação de novas tecnologias que serão repassadas para empresas "satélites’.
3. O Mercado Internacional de Carne de Frango.
O mercado internacional de carne de frango mudou significativamente nas últimas décadas. As principais mudanças estão relacionadas com a adoção em grande escala de tecnologia, tanto no terreno biológico como no econômico. Sem embargo, pode-se dizer que em termos mundiais, dentro do setor primário, o setor avícola foi o setor que mais se destacou em termos de absorver com rapidez as novas tecnologias e os novos sistemas integrados de produção e de transferi-los com eficiência (na forma de preços baixos e de elevado padrão de qualidade) para os consumidores finais.
O reflexo disso foi o crescimento vertiginoso do consumo mundial de carne de frango, notadamente no países em desenvolvimento. Entre 1990 e 1998, o total consumido passou de pouco mais de 27 milhões de toneladas para 38,1 milhões, um acréscimo de 41,1%, ou seja mais de 11 milhões de toneladas (Tabela 6).
Tabela 6: Principais Consumidores Mundiais de Carne de frango
Consumo Interno
1998
1999
2000
USA
12.619
13.468
14.032
CHINA
11.149
11.810
12.160
EUROPA
6.752
6.706
6.807
BRASIL
3.969
4.291
4.735
TOTAL
52.491
54.974
57.111
Em mil toneladas – Carcaça Fonte USDA
Em resumo, pode-se dizer que em termos de estrutura de consumo os países consumidores de carne de frango podem ser divididos em dois grupos: o dos países desenvolvidos e dos países em desenvolvimento. O crescimento do consumo percapita do primeiro grupo foi em grande parte devido ao efeito-preço, já que em função de vários fatores como eficiência, queda no custo dos insumos e a retirada de algumas restrições ao comércio, os preços desse produto apresentaram uma queda bastante expressiva com relação às décadas anteriores.
Tabela 7: Principais Exportadores de Carne de Frango
Mil Toneladas
PAÍSES
1995
1996
1997
1998
EUA
1.766
2.005
2.115
2.124
Brasil
424
568
649
612
França
547
551
531
543
China
288
312
405
375
H. Kong
435
544
557
580
Holanda
426
466
486
488
Tailândia
173
165
192
240
Outros
759
783
803
726
TOTAL
4.818
5.394
5.738
5.688
Fonte: USDA
O segundo maior exportador é o Brasil que vendeu para outros países 612 mil toneladas em 1998, cerca de 28,8% das exportações dos EUA e como foi visto, 10,7% das mundiais.
A França é o terceiro exportador mundial, com exportações bastante estáveis no período analisado, principalmente após 1994. Essa estabilidade pode ser um efeito das nova estrutura de apoio interno adotada pela União Européia a partir de 1993.
Entre os grandes exportadores mundiais, os maiores índices de crescimento são observados na China e Hong Kong. As exportações da China, cresceram 130,21% entre 1995 e 1998( passando de 288 mil toneladas para 375 mil toneladas) e as de Hong Kong 133,33%( passando de 435 mil toneladas para 580 mil toneladas). Por tratar-se de um entreposto que mantém um volume de transações comerciais muito grande com a China e o resto do Sudeste da Ásia, notadamente na área de alimentos, é claro que grande parte das exportações de Hong Kong são re-exportações, já que esta cidade foi a maior importadora mundial de carne de frango em 1998 (799 mil toneladas).
Na relação aos principais países importadores, Hong Kong por ser, como foi mencionado, um dos mais importantes entrepostos comerciais da Ásia, está em primeiro lugar com 799 mil toneladas. (Tabela 8).
O Japão em 1990 era o maior importador mundial de carne de frango com 291 mil toneladas, cerca de 18,8% das importações mundiais. Em 1998, as importações japonesas aumentaram para 495 mil toneladas (70% de aumento), mas o país caiu para quarto lugar, com a participação caindo para 8,7%. O aumento nas importações reflete uma queda na produção interna já que no decorrer da década o consumo doméstico manteve-se em torno de 1,6 milhões de toneladas.
O segundo maior importador mundial em 1998 foi a Rússia. Em 1997, esse país chegou a ser o maior importador do mundo, com mais de 1,1 milhões de toneladas. Talvez como reflexo da instabilidade no quadro macroeconômico entre os grandes importadores mundiais as da Rússia são as mais instáveis. Em 1992 por exemplo, ela importou apenas 45 mil toneladas, passando para 145 mil no ano seguinte e para mais de 1,1 milhões em 1997.
Tabela 8: Principais Importadores de Carne de Frango
Mil Toneladas (Fonte: USDA)
PAÍSES
1995
1996
1997
1998
Hong Kong
645
746
815
799
Rússia
800
983
1.105
762
China
590
610
740
715
Japão
536
547
496
495
Alemanha
326
350
343
340
A. Saudita
289
286
294
282
R. Unido
196
194
190
196
México
94
103
111
128
Outros
1.342
1.575
1.644
1.971
TOTAL
4.818
5.394
5.738
5.688
4. As Exportações Avícolas Brasileiras.
As exportações brasileiras de carne de frango em 1998 alcançaram cerca de US$738,9 milhões, e representaram 30,8% das exportações de carnes e 4,3% das exportações agrícolas (Tabela 9). Nesse ano foi o sétimo produto mais importante da pauta, depois do complexo soja, com US$ 4,7 bilhões, do café com US$ 2,6 bilhões, do açúcar com US$ 2,0bilhões, do suco de laranja com US$1,3 bilhões, da pasta de celulose com US$ 992 bilhões e do fumo com US$ 939,7 bilhões.
As exportações de carne de frango subiram 144,40% entre 1995 e 1998, passando de US$ 511,70 milhões para US$ 738,9 milhões. O recorde ocorreu em 1997, quando foram exportados US$ 875,8 milhões.
Historicamente, o principal comprador da carne de frango brasileira é a Arábia Saudita, que em 1998 importou 167 mil de toneladas, no valor de US$ US$ 171, 9 milhões de dólares.(Quadro XV).
O segundo maior importador é o Japão, cujas importações em 1998 totalizaram 73,3 mil toneladas ( no valor de US$ 125,5 milhões).
Tabela 9: Exportações Brasileiras de Carne de Frango (por destino)
Mil Toneladas Fonte: USDA
PAÍSES
1995
1996
1997
1998
A. Saudita
299,4
159,7
185,2
167,9
Japão
96,2
118,8
93,7
73,3
H. Kong
39
55,1
72,5
72,4
Argentina
19
27,6
45,5
61,9
E. Árabes
9,8
18,2
28,6
25,1
Singapura
9,9
21,1
20,6
20,9
Kuwait
17,9
25
28
20,1
Espanha
11,2
15,4
19,3
20,3
Rússia
-
14,1
33,3
16,1
Alemanha
9,4
22,2
20
16
Outros
-87,6
91,6
102,6
118,5
TOTAL
424,2
568,8
649,3
612,5
Tabela 10: Valor das Exportações Brasileiras de Carne de Frango (por tipo de carne)
US$ 1.000 (Fonte: USDA)
PAÍSES
1995
1996
1997
1998
Inteiro
252,1
368,3
450,6
383,8
Pedaços
377,3
471,7
425,6
355,1
Total
629,4
840
875,8
738,9
US$/T
1.477
1.477
1.355
1.206
Em 1998, o valor médio da carne exportada em pedaços foi cerca de 36,65% superior ao do frango inteiro. Assim, o preço médio de exportação do frango em pedaços foi US$ 1436,00 a tonelada, enquanto que do frango inteiro foi de US$ 1051,00 a tonelada. Essa relação contudo não é constante. Em 1995, por exemplo, o preço de frango em partes foi 65% superior ao do frango inteiro. Em 1996 foi 37% e em 1997 foi 27%.
Do total de frango exportado em pedaços em 1998 (US$ 355,1 milhões) cerca de 84,1% foram destinados aos países desenvolvidos da Ásia e da Europa. Do total de frango inteiro (US$ 383,8 milhões), perto de 83,7% (US$ 320,9 milhões) destinaram-se à Rússia e ao países em desenvolvimento da América Latina e do Oriente Médio.
O valor médio das exportações brasileiras mostraram-se bastante estáveis até 1994. O salto ocorreu em 1995, quando subiram quase 20%. Essa elevação, que perdurou em 1996, foi conseqüência principalmente da elevação nos preços das commodities em geral que ocorreram no período, embora entre 1994 e 1995 a participação do frango em pedaços tenha crescido de 51% para 60%, mantendo-se até 1996.
A queda das cotações a partir de 1997 é a conjugação da queda na participação do frango em cortes de 60% para 48% e da redução nos preços das commodities, em virtude principalmente da crise asiática.
5. Perspectivas das Exportações Avícolas
Para se avaliar as perspectivas das exportações avícolas brasileiras é necessário analisar a estrutura do consumo mundial, constituída como foi visto do bloco dos países desenvolvidos e do bloco de países em desenvolvimento, e verificar o comportamento dos diversos fatores que afetam o consumo em cada bloco.
Nos países em desenvolvimento o fator determinante para crescimento do consumo percapita foi o efeito preço. A queda dos preços nesses países foi causada por ganhos de produtividade e redução nos preços das matérias primas verificados nas últimas décadas e pela redução de algumas políticas protecionistas após os acordos da OMC, principalmente na União Européia (UE). Em futuro próximo é pouco provável que ainda ocorra expansão do consumo percapita de carne de frango na atual estrutura de consumo que resultou dos acordos da OMC. Reduções significativas nos preços na EU (e conseqüente aumento no consumo), aparentemente só deverão ocorrer em função de algum choque competitivo, por meio da eliminação de diversas formas de apoio doméstico que ainda existem ou por uma liberação maior das importações.
No Japão também ainda existe espaço para aumento do consumo via redução de preços, pois o consumo percapita do Japão é apenas 12 kg (54% da brasileira) embora em formato um pouco diferente da UE, porque o Japão já importa carne de frango em alta escala, principalmente dos EUA. A entrada do produto ainda está sujeita a várias regras restritivas que juntas com algumas medidas de apoio à produção interna impedem reduções maiores nos preços e, portanto, aumentos mais significativos no consumo per capita.
De uma maneira geral, o acesso ao mercado dos países desenvolvidos (e portanto a expansão das exportações) vai depender crucialmente da eliminação, principalmente na UE, das fortes barreiras que ainda existem à entrada do produto brasileiro e na redução ou mesmo eliminação dos subsídios concedidos à produção doméstica.
Nos EUA, em virtude de diversas políticas de apoio interno, os exportadores estão vendendo a carne de frango com o preço médio de US$ 600,00 a tonelada, que como foi visto está bem abaixo do preço médio brasileiro ( US$ 1200,00) A vantagem do Brasil é a qualidade do frango, bem superior à americana, decorrendo daí a preferência de alguns mercados consumidores pelo frango brasileiro.
No curto prazo, o recente problema com dioxina pode levar a UE a aumentar suas importações e com isso favorecer a posição brasileira.
Nos países em desenvolvimento o fator crucial é o desempenho das economias, juntamente com maior agressividade na política de vendas.
A expectativa é que a economia mundial cresça, puxada principalmente pela economia americana e pela recuperação dos tigres asiáticos. Com isso, deverá haver elevação nas importações da região asiática devido também à perspectiva de maior participação da China (que até o momento só foi atingida marginalmente pela crise) na importação de alimentos, inclusive carne de frango. A grande questão sobre a China é estimar o volume, pois trata-se de um país de comportamento muito imprevisível, principalmente no comércio exterior, que é totalmente controlado pelo estado. Dessa forma, sem desprezar a importância dos mecanismos comerciais ortodoxos de penetração e expansão de mercados, na China as negociações bilaterais (governo a governo) continuam cruciais.
Outro país que tem aumentado consideravelmente as importações é a Rússia, mas devido à fase crítica que atravessa, é um mercado muito sensível e arriscado. Todavia os EUA estão exportando, via várias modalidades de financiamentos, grande quantidade de alimentos, incluindo carne de frango. O Brasil poderia retomar a estratégia de fazer trocas diretas( "barter trading").
Mais recentemente, o Irã reiniciou as importações de frango brasileiro e o Canadá suspendeu as barreiras sanitárias contra esse produto, estabelecendo a quota inicial de 20.000 toneladas de peito de frango, cujo preço médio é de US$ 3.000,00 a tonelada.
No longo prazo, a expansão em larga escala vai depender da parceria entre governo e iniciativa privada no sentido de montar uma política agressiva de exportação no setor, da redução do custo Brasil (principalmente na área de infra-estrutura para transporte de grãos) e dos resultados das próximas negociações da OMC.
6. Os gargalos da atividade
A avicultura brasileira está sujeita a desequilíbrio que podem obstar seu desenvolvimento produtivo. Os motivos desses desequilíbrios se encontram nos seguintes pontos:
· Incidência tributária na cadeia produtiva do frango;
· Dependência de material genético importado;
· Carências no sistema de controle sanitário.
6.1 Incidência tributária na cadeia produtiva do frango
Carga tributária incidente sobre o consumo da carne de frango no Brasil permite a constatação de que, aproximadamente um terço do valor pago pelo quilo de frango pelos consumidores, corresponde a impostos agregados ao longo de toda a cadeia produtiva. Não obstante a alta incidência tributária sobre a produção, a comercialização, sendo repassado o imposto ao longo da cadeia, penalizando, em última instância, o consumidor final, há uma parte da carga tributária que incidi sobre toda a economia. Tal incidência se verifica na medida em que, ao elevar o preço final do frango, os impostos reduzem a renda real do consumidor, implicando, por seu turno, redução da demanda final afetando o setor produtivo.
Os mais importantes impostos nesse elo da cadeia produtiva, respectivamente, são: o ICMS, os impostos incidentes sobre a ração, as contribuições sociais (PIS/CONFINS), os impostos sobre a folha de pagamento da empresa e os impostos transferidos nos pintainhos.
Os impostos embutidos na produção de ave viva correspondem a aproximadamente 21% da carga tributária incidente sobre o valor final do frango para o consumidor. Se acrescentar a esse elo da cadeia, os impostos incidentes sobre a agroindústria, o percentual da carga tributária incidente sobre toda a cadeia chega a mais de 57%. Observa-se ainda que, o valor agregado até a fase agroindústria representa algo em torno de 63% do valor final do frango, indicando assim a menor proporção dos tributos no valor agregado, nesses dois elos, do que nos demais. Está na fase do atacado e do varejo a maior proporção de impostos no valor agregado. Há que se por em relevo o fato de o produtor ser o que menos paga imposto na cadeia. Isto advém de sua baixa participação na formação do preço final, da mão-de-obra ser familiar. O fato de pagar menos imposto relativamente não implica um a melhor situação para o produtor rural, posto o malogro de ser o único elo da cadeia produtiva a não conseguir repassar os impostos para os preços, face a estrutura do mercado com que se defronta.
6.2 Dependência de material genético importado
O procedimento é histórico e decorre do fato de que em outros países empresas privadas desenvolvem, desde a primeira metade do século passado, trabalhos de melhoramento genético que redundaram na obtenção de novas linhagens – hídricos – cuja a produtividade resulta ser superior a das linhas puras.
Várias empresas brasileiras também desenvolveram trabalhos nesse sentido. Porém, as dificuldades em conquistar um mercado amplo, bem como a concorrência de linhagens já melhoradas impediram – sobretudo por questões econômicas - a continuidade dos trabalhos do gênero.
Em decorrência, a atual produção brasileira de frangos e ovos se encontra quase totalmente baseada nas linhagens importadas. Na área de frangos essa dependência ultrapassa os 70%.
Também a submissão do setor a outros países é quase inteiramente descartável. Afinal, o Brasil é um dos grandes consumidores de material genético melhorado. Portanto, é um mercado respeitado e disputado. Além disso, a disponibilidade – aqui – de linhagens cujo desenvolvimento é reconhecido mundialmente, coloca o Brasil em pé de igualdade com a melhores aviculturas do mundo.
Essa importação de produtos genéticos também pode oferecer problemas. Um deles é representado pelo risco de ocorrência de um surto de doenças em um dos países fornecedores, caso em que o Brasil se veria parcialmente privado do abastecimento rotineiro indispensável ao atendimento de sua demanda interna e externa. O outro problema é representado pelo risco de introdução no país de doenças aviárias exógenas.
6.3 Carências no sistema de controle sanitário
O segundo problema – introdução de doenças exógenas no país – é bem mais abrangente, por sinal, não se limita a doenças externas, mas também às que já se encontram presentes no país. Em decorrência, cresce as exigências de controle sanitário dos animais criados para a produção de alimentos, seja com o objetivo de proteger os rebanhos nativos contra agentes exóticos de doença ou peça segurança do consumidor, contra a presença de fator tóxico ou agente que possa vir a afetar a saúde humana.
Atento à sua parte, o Governo Federal adotou, há poucos anos, o PNSA – Programa Nacional de Sanidade Avícola, que vem sendo implantado paulatinamente e que propõe uma série de ações com o objetivo de erradicar ou controlar alguma das enfermidades avícolas registradas no país ( Newcastle, micoplasmoses, salmoneloses, etc) e, ainda, de impedir que doenças exógenas sejam introduzidas no país.
6.4 Identificação do problema
Há necessidade premente de estabelecer capacidade e conhecimento para resguardar a produção avícola nacional contra a entrada e disseminação de agentes de doenças que possam a vir a comprometer o comércio interno e as exportações de produtos avícolas.
Qualquer falha no sistema que possibilite a passagem de problemas sanitários pode ser utilizada, por países importadores ou concorrentes, na solicitação de suspensão do Brasil como exportador de carnes frescas de aves. Fatos como a gripe do frango em Hong-Kong e México devem servir de exemplo para o Brasil.
7. Conclusão
A evolução da cadeia produtiva de frango teve como ponto central o significativo encurtamento do ciclo de produção e maior eficiência produtiva. Nota-se que a cadeia produtiva do frango apresenta alta capacidade de elevar a produtividade e reduzir custos ao longo de todos os elos da cadeia.
O alto nível tecnológico alcançado pela cadeia produtiva da avicultura de corte, colocou a atividade em posição privilegiada relacionada a outras atividades pecuárias desenvolvidas no Brasil.
O consumo per capita de carne de frango atualmente é cerca de 1300% superior ao que prevalecia no início da década de 70.
8. BIBLIOGRAFIA
1. Agronegócio Brasileiro; Ciência, Tecnologia e Competitividade./ Editado por
Ruy
de Araújo Caldas et al. Brasília: CNPq, 1998. 275 p.
2. http://www.agricultura.com.br/spa/rpa1tri98/mudança.doc
3. www.zemoleza.com.br/trabalho.asp?cod=3180
4. www.abcs.com.br/informe.htm
5. www.porkworld.com.br/destaques_abril2002/ destaques_avesui02.html
6. www.pr.gov.br/seab/aspectos/avicul.html
7. www.embrapa.br/novidade/publica/intro131.htm
8. www.folhadoestado.com.br/agropecuaria.asp
9. www.pr.gov.br/seab/deral/rev0606.rtf
10. www.aviculturaindustrial.com.br/home.asp
11. www.cnpsa.embrapa.br/publicacoes/sdoc/sdoc.html
12. www.agricultura.gov.br/spa/rpa1tri98/mudancas.doc
EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO DE COBRE E ZINCO, EMPREGANDO A DITIZONA (DIFENILTIOCARBAZONA) COMO AGENTE QUELANTE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA
EXTRAÇÃO LÍQUIDO-LÍQUIDO DE COBRE E ZINCO, EMPREGANDO A DITIZONA (DIFENILTIOCARBAZONA) COMO AGENTE QUELANTE
INTRODUÇÃO
Para a formação de quelatos metálicos neutros na extração por solventes é necessário que haja uma associação da espécie de interesse analítico com íons de carga oposta, a fim de formar uma espécie neutra extraível. Com o aumento da concentração, estes complexos podem formar aglomerados que são maiores que o par iônico simples, especialmente em solventes orgânicos de constante dielétrica baixa. Tipos de complexos de associação iônica:
1- Complexos formados por um reagente que produz um íon orgânico grande, que formam grandes agregados ou aglomerados iônicos com íons com carga oposta conveniente. Estes íons grandes e volumosos não têm camada de hidratação primária e provocam a ruptura das pontes de hidrogênio da estrutura da água; quanto maior o íon, maior o efeito de desorganização da estrutura e maior a tendência de a espécie formada pela associação iônica passar para a fase orgânica.
2- Complexos que envolvam um complexo quelato catiônico ou aniônico de um íon metálico. Assim, os agentes quelantes que tenham dois átomos doadores sem carga, formam complexos quelatos catiônicos grandes e semelhantes a hidrocarbonetos.
3- Complexos em que as moléculas do solvente estão diretamente envolvidas na formação de complexos de associação iônica. A maioria dos solventes que participam desta forma (ésteres, éteres, cetonas e álcoois) tem átomos de oxigênio doadores, e a capacidade de coordenação do solvente tem significado vital. As moléculas de solvente coordenadas facilitam a extração por solvente de sais como cloretos e nitratos, contribuindo não só para o tamanho do cátion, mas também para a semelhança entre o complexo e o solvente. [1]
Os tipos 1 e 2 representam sistemas de extração que envolvem grandes íons coordenados, não solvatados, e diferem, neste importante aspecto, dos complexos do tipo 3.
A difeniltiocarbazona (ditizona) comporta-se em solução como uma mistura dos tautômeros:
N – NHC6H5 NH – NHC6H5
HS – C « S = C
N = NC6H5 N = NC6H5
(1) (2)
Ela funciona como um ácido monoprótico (pKa = 4,7) até pH próximo de 12. O hidrogênio ácido é o do grupo tiol em (1).
Os ditizonatos metálicos primários são formados de acordo com a reação
Mn+ + nH2Dz « M(HDz)n + nH+
Em pH mais elevado ou quando a quantidade de reagente é insuficiente, alguns metais, especialmente o cobre, prata, ouro, mercúrio, bismuto e paládio, formam um segundo complexo (que podemos chamar de ditizonatos secundários):
2M(HDz)n « M2Dzn + nH2Dz
Em geral, os ditizonatos primários são mais úteis do ponto de vista analítico do que os ditizonatos secundários. Dizitona é um sólido violeta escuro, insolúvel em água, porém solúvel em amônia diluída, clorofórmica e tetracoreto de carbono com os quais forma soluções verdes. É excelente reagente para a determinação de pequenas quantidades (microgamas) de muitos metais e pode ser seletivos. [1]
OBJETIVO
Estudar a separação do Cobre e do Zinco pela complexação com a ditizona através de diferentes pHs.
MATERIAIS E MÉTODOS
A) Preparo de soluções:
1) Preparou-se uma solução de ditizona a 10,0 mg/L em hexano (250,0 mL)
2) Preparou-se uma solução aquosa de cobre a 500,0 mg/L (100,0 mL)
3) Preparou-se uma solução aquosa de zinco a 500,0 mg/L (100,0 mL)
4) Preparou-se uma solução aquosa de cobre a 100,0 mg/L (50,0 mL), a partir da solução de 500,0 mg/L
5) Preparou-se uma solução aquosa de zinco a 100,0 mg/L (50,0 mL), apartir da solução de 500,0 mg/L
6) Preparou-se soluções padrão contendo cobre e zinco nas concentrações de 0,0; 1,0; 2,0;3,0; e 5,0 mg/L, em pH 5, a partir da solução preparada em (4) e (5) (10,0 mL)
7) Preparou-se uma solução padrão de cobre a 2,0 mg/L, em pH 5, a partir da solução preparada em (4) (10,0 mL)
8) Preparou-se uma solução padrão de zinco a 2,0 mg/L, em pH 5, a partir da solução (5) (10,0 mL)
B) Curvas padrões de Cobre e Zinco:
As soluções padrão, contendo cobre, zinco e cobre e zinco em pH= 5, foram colocadas em funis de separação e foram submetidas ao processo de separação.
1) Para cada padrão (10,0 mL) fez-se duas extrações sucessivas com 5,0 mL de ditizona a 10 mg/L em hexano. Recuperou-se a fase orgânica de cada extração. Reuniu-se os extratos orgânicos contendo o complexo formado entre um dos metais e a ditizona e determinou-se o volume (ajustou-se para 10,0 mL)
2) Obteve-se um espectro, na região do visível de um dos extratos contendo o metal complexado com a ditizona, em pH= 5. Determinou-se o comprimento de onda de máxima absorção e mediu-se a absorvância dos demais extratos nesse comprimento.
3) Ajustou-se o pH da fase aquosa restante para 10, utilizando-se NaOH e pHmetro previamente calibrado.
4) Em funil de separação fez-se duas extrações sucessivas com 5,0 mL de ditizona a 10,0 mg/L em hexano. Recuperou-se a fase orgânica de cada extração. Reuniu-se os extratos orgânicos contendo o complexo formado entre um dos metais e a ditizona e determinou-se o volume (ajustou-se para 10,0 mL).
5) Obteve-se um espectro, na região do visível de um dos extratos contendo metal complexado com a ditizona, em pH= 10. Determinou-se o comprimento de onda de máxima absorção e mediu-se a absorvância dos demais extratos nesse comprimento.
C) Extração de Cobre e Zinco de amostras desconhecidas:
As soluções amostras tiveram seu pH ajustado para 5,0, sendo posteriormente colocadas em funis de separação para serem submetidas ao processo de extração.
1) Para cada amostra desconhecida fez-se duas extrações sucessivas com 5,0 mL de ditizona a 10,0 mg/L em hexano. Recuperou-se a fase orgânica de cada extração. Reuniu-se os extratos orgânicos contendo o complexo formado entre um dos metais e a ditizona e determinou-se o volume (ajustou-se para 10,0 mL).
2) No comprimento de onda determinado previamente para o complexo (metal/ditizona) extraído em pH 5 mediu-se a absorvância do extrato orgânico obtido.
3) Ajustou-se o pH da fase aquosa restante para 10 utilizando NaOH e pHmetro previamente calibrado.
4) Em funil de separação fez duas extrações sucessivas com 5,0 mL de ditizona a 10,0 mg/L em hexano. Recuperou-se a fase orgânica de cada extração. Reuniu-se os extratos orgânicos contendo o complexo formado entre um dos metais e a ditizona e determinou-se o volume ( ajustou-se para 10,0 mL).
5) No comprimento de onda determinado previamente para o complexo (metal/ditizona) extraído em pH 10 mediu-se a absorvância do extrato orgânico obtido.
6) Determinou-se a concentração dos metais presentes na amostra.
4 – RESULTADOS E DISCUSSÃO
Tabela 1: Valores de absorvância e comprimento de onda da solução contendo Cu2+ e Zn2+ em pH 5 após extração com ditizona
Comp. de onda
Abs
Comp. de onda
Abs
Comp. de onda
Abs
Comp.de onda
Abs
650
0,00
570
0,019
490
0,089
410
0,203
640
0,001
560
0,024
480
0,104
400
0,189
630
0,002
550
0,030
470
0,121
390
0,161
620
0,004
540
0,035
460
0,139
380
0,126
610
0,006
530
0,042
450
0,158
370
0,091
600
0,006
520
0,050
440
0,176
360
0,065
590
0,010
510
0,061
430
0,192
350
0,045
580
0,014
500
0,074
420
0,203
Através dos valores que se encontram na tabela 1, fez-se o espectro de absorção de cobre e zinco em pH 5:
Figura 1: Espectro de absorção da solução contendo Cu2+ e Zn2+ em pH 5 após extração com ditizona.
Observou-se que o comprimento de onda de máxima absorção é de 415,5 nm.
Tabela 2: Valores de absorvância e comprimento de onda da solução contendo Cu2+ e Zn2+ em pH 10 após extração com ditizona
Comp. de onda
Abs
Comp. de onda
Abs
Comp. de onda
Abs
Comp.de onda
Abs
650
0,00
570
0,111
490
0,702
410
0,366
640
0,002
560
0,255
480
0,564
400
0,375
630
0,005
550
0,542
470
0,449
390
0,366
620
0,008
540
0,843
460
0,370
380
0,341
610
0,013
530
0,981
450
0,323
370
0,302
600
0,015
520
0,965
440
0,308
360
0,262
590
0,028
510
0,906
430
0,317
350
0,228
580
0,052
500
0,827
420
0,342
Através dos valores que se encontram na tabela 2, fez-se o espectro de absorção de cobre e zinco em pH 10:
Figura 2: Espectro de absorção da solução contendo Cu2+ e Zn2+ em pH 10 após extração com ditizona.
Observou-se que o comprimento de onda de máxima absorção é de 527,5 nm.
Tabela 3: Valores de concentração e absorvância das soluções de cobre e zinco em pH5 (l = 415,5 nm).
Concentração (mg/L)
Abs (nm)
0,0
0,525
1,0
0,200
2,0
0,251
3,0
0,205
5,0
0,255
Cu2+
0,316
Zn2+
0,303
Através dos valores da tabela 3, fez-se a curva padrão das soluções de Cu e Zn em pH 5 (l = 415,5 nm).
Figura 3: Curva padrão das soluções de Cu e Zn em pH 5.
Equação da reta: y = - 0,0383x + 0,3715
Através da equação da reta e dos valores de absorvância (l = 415,5 nm) que se encontram na tabela 3, calculou-se as concentrações de Cu2+e Zn2+:
y = - 0,0383x + 0,3715
0,316 = - 0,0383x + 0,3715
x = 1,449 mg/L ( concentração de Cu2+ )
y = - 0,0383x + 0,3715
0,303 = - 0,0383x + 0,3715
x = 8,916 mg/L (concentração de Zn2+)
Tabela 4: Valores de concentração e absorvância das soluções de cobre e zinco em pH 10 (l = 415,5 nm).
Concentração (mg/L)
Abs (nm)
0,0
0,453
1,0
0,249
2,0
0,194
3,0
0,355
5,0
0,150
Cu2+
0,268
Zn2+
0,292
Através dos valores da tabela 4, fez-se a curva padrão das soluções de Cu e Zn em pH 10 (l = 415,5 nm).
Figura 4: Curva padrão das soluções de Cu2+e Zn2+em pH 10.
Equação da reta : y = - 0,0426x +0,3739
Através da equação da reta e dos valores de absorvância (l = 415,5 nm) que se encontram na tabela 4, calculou-se as concentrações de Cu2+e Zn2+:
y = - 0,0426x +0,3739
0,268 = - 0,0426x +0,3739
x = 2,486 mg/L ( concentração de Cu2+ )
y = - 0,0426x +0,3739
0,292 = - 0,0426x +0,3739
x = 1,923 mg/L (concentração de Zn2+)
Tabela 5: Valores de concentração e absorvância das soluções de cobre e zinco em pH10 (l = 527,5 nm )
Concentração (mg/L)
Abs (nm)
0,0
0,348
1,0
0,563
2,0
0,518
3,0
0,995
5,0
0,385
Cu2+
0,265
Zn2+
0,503
Com os valores da tabela 5, fez-se a curva padrão das soluções de Cu e Zn em pH10 (l = 527,5 nm).
Figura 5: Curva padrão das soluções de Cu2+ e Zn2+ em pH 10.
Equação da reta: y = 0,0222x + 0,5129
Através da equação da reta e dos valores de absorvância (l = 527,5 nm) que se encontram na tabela 5, calculou-se as concentrações de Cu2+e Zn2+:
y = 0,0222x + 0,5129
0,265 = 0,0222x + 0,5129
x = - 11,167 mg/L ( concentração de Cu2+ )
y = 0,0222x + 0,5129
0,503 = 0,0222x + 0,5129
x = 2,242 mg/L ( concentração de Zn2+ )
Tabela 6: Valores de absorvância e comprimento de onda da solução de ditizona em hexano
Comprimento de onda
Abs
650 a 480
0,000
470
0,036
460
0,112
450
0,179
440
0,216
430
0,242
420
0,245
410
0,215
400
0,157
390
0,079
380
0,000
370
0,000
360
0,000
350
0,000
Com os valores que se encontram na tabela 6, fez-se o espectro de absorção da solução de ditizona em hexano.
Figura 6: Espectro de absorção da solução de ditizona em hexano.
Tabela 7: Valores de absorvância e comprimento de onda da solução contendo Cu2+ e Zn2+ em pH 5 após extração com ditizona
Comp. de onda
Abs
Comp. de onda
Abs
Comp. de onda
Abs
Comp.de onda
Abs
650
0,00
570
0,135
490
0,563
410
0,467
640
0,003
560
0,245
480
0,470
400
0,470
630
0,006
550
0,451
470
0,397
390
0,447
620
0,011
540
0,664
460
0,356
380
0,401
610
0,020
530
0,758
450
0,345
370
0,343
600
0,031
520
0,744
440
0,361
360
0,287
590
0,052
510
0,702
430
0,396
350
0,243
580
0,081
500
0,648
420
0,437
Através dos valores que se encontram na tabela 7, fez-se o espectro de absorção da solução contendo cobre e zinco em pH 5 após extração com ditizona
Figura 7: Espectro de absorção da solução contendo cobre e zinco em pH 5 após extração com ditizona
Tabela 8: Valores de absorvância e comprimento de onda da solução contendo Cu2+ e Zn2+ em pH 10 após extração com ditizona
Comp. de onda
Abs
Comp. de onda
Abs
Comp. de onda
Abs
Comp.de onda
Abs
650
0,00
570
0,053
490
0,281
410
0,469
640
0,00
560
0,105
480
0,249
400
0,472
630
0,00
550
0,199
470
0,231
390
0,442
620
0,00
540
0,297
460
0,235
380
0,386
610
0,00
530
0,345
450
0,262
370
0,316
600
0,00
520
0,344
440
0,311
360
0,252
590
0,011
510
0,331
430
0,372
350
0,205
580
0,027
500
0,312
420
0,431
Através dos valores que se encontram na tabela 8, fez-se o espectro de absorção da solução contendo cobre e zinco em pH 10 após extração com ditizona
Figura 8: Espectro de absorção contendo cobre e zinco em pH 10 após extração com ditizona.
5. CONCLUSÃO
Através da diferença de faixa de pH onde tem-se a absorção máxima, obteríamos a separação de cobre e zinco. Mas devido a problemas ocorridos durante a prática (mal preparo das soluções ou erro na leitura da absorção), não conseguimos atingir este objetivo.
Concluímos, então, que a técnica utilizada não foi satisfatória para separar cobre e zinco.
6. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
[1] VOGEL, A.I.; Análise Química Quantitativa, 5. ed.. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1992, p. 135-148
Decreto-Lei no 986 de 21 de outubro de 1969
Centro de Ciências Exatas e Tecnológicas
Departamento de Tecnologia de Alimentos
TAL 467 – Legislação de Alimentos
Resumo do Decreto-Lei no 986 de 21 de outubro de 1969
Decreto-Lei no 986 de 21 de outubro de 1969
Refere-se às normas básicas sobre alimentos.
O Capítulo I trata do porquê deste Decreto-Lei (defender e proteger a “saúde individual e coletiva no tocante a alimentos”). E define o que vem a ser alimento, matéria-prima alimentar, alimento in natura, alimento enriquecido, alimento dietético, alimento de fantasia ou artificial, alimento irradiado, aditivo intencional, aditivo incidental, produto alimentício, padrão de identidade e qualidade, rótulo, embalagem, propaganda, órgão competente, laboratório oficial, autoridade fiscalizadora competente, análise de controle, análise fiscal e estabelecimento.
O Capítulo II trata dos trâmites legais para registro do alimento que será exposto a venda ou consumo. Cita os componentes obrigados e os dispensados da obrigatoriedade de registro (Art. 5o e 6o) e o procedimento a ser tomado após o registro: comunicação a autoridade fiscalizadora competente para recolhimento de amostra para análises e expedição de laudo.
O Capítulo III relata as obrigatoriedades e as restrições no que diz respeito a rotulagem. O Art. 11 especifica o que um rótulo deve mencionar. O capítulo ainda fala da rotulagem de alimentos artificiais, de alimentos com essência, de aditivos, de alimentos enriquecidos e dietéticos. Os Art. 20, 21 e 22 proíbe as possíveis formas de confundir o consumidor, “quanto à origem, procedência, natureza, composição ou qualidade do alimento”.
O Capítulo IV trata dos aditivos. Os Art. 24 e 25 relata as condições para o seu uso. Os outros artigos deste capítulo tratam do controle sobre aditivos que os órgãos competentes exercerão.
O Capítulo V afirma que todo tipo ou espécie de alimento terá um padrão de identidade e qualidade referindo-se a “denominação, definição, composição, requisitos de higiene, aditivos intencionais, requisitos aplicáveis a peso e medida, requisitos relativos á rotulagem e apresentação do produto e métodos de colheita de amostra, ensaio e análise do alimento”.
O Capítulo VI trata do poder da autoridade fiscalizadora seja a nível federal, estadual ou municipal além da abrangência deste poder (“local em que haja fabrico, manipulação, beneficiamento, acondicionamento, conservação, ..., venda de alimentos” e propaganda).
O Capítulo VII trata do procedimento administrativo que será tomado em caso de interdição do alimento. Tanto por parte da autoridade fiscalizadora competente como pela parte interessada. Especifica prazos para análise fiscal, interdição, apresentação de defesa e condenação definitiva do alimento.
O Capítulo VIII garante que qualquer “inobservância ou desobediência aos preceitos deste Decreto-Lei ... dará lugar à aplicação do disposto no Decreto-Lei no 785, de 25 de agosto de 1969”. O Art. 41 ressalta a respeito da legislação para alimentos corrompidos, adulterados,... ou avariados. O Art. 42 dá permissão para que um alimento, que foi inutilizado, seja distribuído para instituições de caridade ou similares, desde que seja para consumo imediato. Os outros artigos deste capítulo trata da definitiva condenação do alimento.
O Capítulo IX obriga todo estabelecimento, industrial ou comercial, de alimentos a obterem licença junto a autoridade sanitária competente. E proíbe a guarda ou venda de substâncias que venham a corromper o alimento, desde que sejam devidamente autorizados.
O Capítulo X dita as condições para venda de “alimentos, matérias-primas alimentares, alimentos in natura, aditivos para alimentos, materiais, artigos e utensílios destinados a entrar em contato com alimentos, matérias-primas alimentares e alimentos in natura”; além da venda de alimentos destituídos, total ou parcialmente, de um de seus componentes normais (Art. 61). O emprego de produtos para higienização é citado no Art. 50. Os alimentos importados ou exportados são citados nos Art. 53, 54 e 57. O restante do capítulo trata de outras exigências com relação a outros componentes que estão sob este Decreto-Lei (Art. 55) e os que não estão sob o Decreto-Lei (Art. 56); além do cuidado que deve-se tomar quanto as peças, maquinarias, utensílios e equipamentos destinados a entrar em contato com alimentos (Art. 60).
O Capítulo XI encerra o Decreto-Lei com considerações a respeito de registro, padrões de identidade e qualidade, proibição da elaboração de normas sem audiência prévia do Órgão competente do Ministério da Saúde e utilização de rótulos e embalagens. E finalmente ressalta da permanência do Decreto no 55.871, de 26 de março de 1965 e suas tabelas anexas.
CADEIA PRODUTIVA
A importância econômica da suinocultura no Brasil está baseada no aumento crescente do consumo de carne suína. Em 1999, 67 mil toneladas de carne suína foram exportadas pelo Brasil. Em 2000, 2001 e 2002 foram respectivamente 97, 265 e 320 mil toneladas. Sendo que no último ano, 80% foi destinado à Rússia.
Em 2001, os maiores produtores de carne suína eram a China e os EUA, sendo o Brasil o 7o produtor. De um modo geral, toda a Europa tem alto consumo, sendo que em 1999, a Dinamarca consumia 70,2 Kg/habitante/ano. O Brasil apesar de ser o 9o consumidor (10,1 kg/hab/ano) tem apresentado crescimento contínuo neste setor.
Países PRODUÇÃO (milhões de ton.)* Consumo (Kg/hab/ano)**
China 39,93 30,0
EUA 8,78 30,6
Alemanha 3,94 58,1
Espanha 2,90 58,5
França 2,38 37,0
Polônia 2,02 41,4
Brasil 1,75 10,1
Holanda 1,70 11,8
Dinamarca 1,64 70,2
Canadá 1,52 ---
Outros 21,84 ---
Total 88,40 14,73
Fontes: *Suinocultura Industrial (2001)
**ABCS (1999)
A maior parte do rebanho brasileiro está concentrada no sul, sudeste e nordeste, estando apenas uma pequena parte nas outras regiões.
Além da produção de carne e gordura a suinocultura apresenta grandes vantagens como produção secundária de pincel (pêlos), bolsas (pele), chouriço (sangue), patês (vísceras), além do fornecimento de órgãos e substâncias vitais à vida humana (insulina e hormônios tireoidianos). Ainda tem que se levar em consideração a idade precoce para abate e reprodução, o elevado rendimento ao abate (75 a 80%), rápido melhoramento genético, além de mercado fácil e seguro e o retorno rápido de capital investido.
A suinocultura apresenta também algumas limitações como a elevada mortalidade embrionária, fetal e de animais jovens, alta produção de esterco líquido, grande exigência com cuidados higiênicos, alem de apresentar comportamento cíclico do mercado de suínos terminais.
A produção de suínos depende diretamente da safra agrícola de grãos (milho e soja).
OBJETIVOS
O objetivo desse trabalho é descrever uma cadeia produtiva específica, no caso, o processo produtivo de uma granja de suínos localizada em Piranga – MG.
GRANJA PAU GRANDE
A granja possui cerca de 4000 animais, sendo 400 matrizes. As matrizes e os varrões são adquiridos de uma empresa fornecedora de material genético (Agroceres), sendo a taxa de reposição de 40%. Todas as etapas, desde o nascimento dos leitões até a terminação, são realizadas na própria granja. Este processo dura 150 dias. Os insumos são adquiridos de diferentes fontes. O milho é comprado diretamente do produtor, sem vínculo contratual, levando em consideração o preço e qualidade do produto. A soja é comprada de empresas beneficiadoras, também sem contrato. O premix mineral é adquirido também da Agroceres. A granja compra o insumo dessa empresa, que, por sua vez, fornece a assistência técnica, estabelecendo-se uma aliança.
Os animais terminados são vendidos diretamente a açougues, ou frigoríficos que repassam a supermercados e a outros açougues. Esses compradores retiram os animais vivos da granja, ou seja, a granja não é responsável pelo abate e comercialização com o consumidor final. São vendidos 180 animais terminados por semana.
CONCLUSÃO:
A cadeia produtiva Pau Grande apresenta baixo nível de integração vertical entre seus elos.
Apenas a relação com a empresa fornecedora de genética e premix se apresenta como aliança, com troca de vantagens e informações, relacionamento de longo prazo e benefícios mútuos, apresentando maior estabilidade.
Os outros insumos (milho, soja, etc) são comprados em mercado aberto, ou seja, a troca de informações é limitada; a relação entre os interessados é de curta duração seguindo apenas a interesses próprios.
Metodologia da Economia
A abordagem dos escritos de Daniel M. Hausman, Trevis W. Maning e Marcos Roberto Vasconcelos (em conjunto com Eduardo Strachman e José Ricardo Fucidji) tem por objetivo básico discutir a metodologia econômica, porém o fazem de maneira relativamente distinta.
Em “O Realismo Crítico e as Controvérsias...” parte-se da análise das limitações do Positivismo e da simples negação da verificabilidade, bem como da aceitação da necessidade de um conhecimento prévio por parte dos cientistas, estendo tal análise às chamadas “redes de segurança”, e conseqüentemente da refutação/substituição de uma teoria qualquer. Posteriormente aos comentários à cerca da crítica de Kuhn e à evolução natural das ciências em torno da resolução de enigmas, sintetiza-se o pensamento Lakatosiano, segundo o qual um programa de pesquisa científica é progressivo na medida em que estabelece uma espécie de “link” entre as teorias anteriores através de melhor predição e da confirmação empírica de uma maior número de eventos. Posteriormente à “busca” das relações entre o pensamento de Popper, Kuhn e Lakatos para com a economia, com maior enfoque ás críticas ao pensamento Popperiano, aborda-se o Realismo Crítico, caracterizando a Economia como uma ciência de análise de fatos não-isolados, de uso de experimentos controlados problemático, e sujeita ao surgimento de “novas forças” e estruturas oriundos pela conjunção inesperada de ações diversas.
Em ”Methods of Economics”, objeções à ciência econômica (bem como a todas as outras ciências) são classificadas como inadequadas, por conta de pressupostos irrealistas em que se baseiam, afirmando-se que não deve uma ciência ser “julgada” pelo realismo de suas hipóteses, dado que estas têm por intuito restringir o campo de análise dos modelos teóricos elaborados no intuito de identificar condicionantes básicos de ações/fenômenos diversos sem maiores complicações. Aborda-se com ênfase o fato de “trabalhar” a ciência econômica com um ambiente de alta variabilidade, inerente ao seu próprio estudo, fazendo-se concluir que deve se valer da teoria econômica existente o estudo econômico (a fim de não se ter de “reinventar a roda” a todo instante), e que se esta pode fornecer corretas direções, sugestões e hipóteses, nada mais da Ciência econômica deve ser esperado.
No texto “Economic Methodolohy in a Nutshell”, uma pesquisa metodológica busca identificar o que existe de valoroso na Teoria Microeconômica que segundo o autor, é o cerne do maistream das discussões metodológicas, abordando diretamente os problemas relacionados ao positivismo e as limitações do predicionismo, assim como as virtudes do dedutivismo e amplitude de avaliação das ditas visões ecléticas, chagando a conclusão de que existe uma frutífera possibilidade de maior interação entre economistas e filósofos.
Fundamentação da Ciência Econômica
Os três artigos/textos, cujo resumo é feito nesta resenha, abordam a fundamentação dos estudos econômicos, através de uma análise da relação existente entre o pensamento filosófico e a metodologia pelos economistas utilizada em seus trabalhos, e também da busca de uma mais precisa definição do que vem a ser o estudo da economia, discutindo-se quão científico é o mesmo.
O trabalho de Lionel Robbins busca, após explicitar o conceito de ciência e questionar as diversas “exigências“ que se fazem indeliberadamente à mesma (ocasionando um excesso de confiança na obtenção de resultados práticos por conta desta), teorizar a respeito da filosofia da ciência, analisando seus fundamentos e a necessidade da filosofia para o fim de valoração científica, para então explanar sobre o que se entende por 1ª teoria do conhecimento, diferenciando Idealistas e Realistas e “adentrando” a análise do dito “conhecimento clássico”. Essa análise, seguida da citação das origens do pensamento moderno servirá de introdução para a abordagem do Empirismo e Idealismo, e posteriormente do Positivismo e Falsificacionismo, “ilustrando” assim as relações existentes entre a história e desenvolvimento da filosofia da ciência e a metodologia econômica.
O trabalho de Alexander Rosenberg identifica a forma como têm se estruturado e desenvolvido as teorias que fundamentam a ciência econômica, que remonta àquela que caracterizou as grandes descobertas ao longo dos últimos séculos, aprofundando sua análise através de “paralelos” traçados entre a ciência econômica e as outras, no que se refere principalmente às ditas “variáveis cruciais” presentes nas mesmas, e às suas mais diversas “estratégias” e resultados obtidos.
O texto de Scott Gordon, através da análise de duas obras, que sob o ponto de vista da filosofia da ciência abordam as modernas economias, diagnostica uma importância menor do que a devida, da ciência econômica para os filósofos, o que parece desconsiderar seu rico arcabouço teórico bem como o fato de que dispõe também de análises epistemológicas. Ao fim da análise das referidas obras, e da explanação à cerca de todos os pareceres e opiniões possíveis à cerca da relevância e caráter científico da economia e seus princípios, chega-se a principal conclusão de que a filosofia da ciência tem por maior contribuição fomentar a compreensão desta, e não necessariamente melhorá-la.
Efeitos da recirculação do líquido percolado sobre a qualidade do efluente de células de lixo doméstico de diferentes idades
CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA AGRÍCOLA E AMBIENTAL
(PROJETO DE PESQUISA)
“Efeitos da recirculação do líquido percolado sobre a qualidade do efluente de células de lixo doméstico de diferentes idades”
Projeto aprovado em: 28/03/2003
Equipe Técnica:
LÍDER:
Prof. Antônio Teixeira de Matos, D.S. - Prof. Adjunto UFV
CO-LÍDERES :
Prof. Roberto Francisco de Azevedo - Ph.D - Prof. Adjunto UFV
Profa. Izabel C. D’Almeida D. de Azevedo – D.S – Prof. Adjunto UFV
Prof. Cláudio Pereira Jordão – Ph.D – Prof. Titular UFV
André Luciano de Carvalho - Doutorando - UFV
Viçosa – MG
Março 2003
1. INTRODUÇÃO
A disposição de resíduos sólidos urbanos e industriais no solo tem sido feita há séculos. No passado, acreditava-se que o potencial poluente do percolado gerado em aterros era completamente atenuado pelo solo, por isso, a contaminação do aqüífero não representava uma preocupação. Por essa razão, considerava-se que a disposição de resíduos diretamente no solo fosse uma prática considerada aceitável.
Segundo dados da Organização Mundial de Saúde (OMS), mais de 2/3 da população mundial não possui meios adequados para a disposição de resíduos, situação que contribui para a formação de um círculo vicioso de doenças e pobreza (MERBACH JR., 1989).
Segundo LIMA (1995) a problemática do lixo no meio urbano abrange aspectos relacionados à sua origem e forma de produção, destacando-se os riscos do comprometimento ambiental, principalmente a poluição do solo, do ar e dos recursos hídricos, quando de sua disposição inadequada. O não tratamento dessa massa pode contribuir significativamente para a degradação da biosfera, em detrimento da qualidade de vida em nosso planeta.
A Pesquisa Nacional de Saneamento Básico realizada no ano de 2000 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2002), revelou que, dos 5.507 municípios brasileiros, 63,6% utilizam lixões como destino final do lixo, enquanto 18,4% utilizam aterros controlados e 13,8% aterros sanitários. Em Minas Gerais, por exemplo, apenas 7 municípios possuem aterro sanitário licenciado pela Fundação Estadual do Meio Ambiente (FEAM, 2002): Belo Horizonte, Betim, Contagem, Extrema, Ipatinga, Paracatu e Uberlândia. Porém, tomando-se por base a massa produzida, das 125.281 toneladas de lixo diariamente coletadas no Brasil, 47,1% eram destinados a aterros sanitários, 22,3% a aterros controlados e 30,5% a lixões.
A destinação final de lixo em aterros sanitários e o emprego de usinas de compostagem/reciclagem são consideradas técnica e ambientalmente mais adequadas, com isso, muitos esforços têm sido empreendidos e muitos recursos alocados para que se possa dar tratamento adequado ao lixo gerado nas cidades.
O aterramento, por si só, não resolve o problema do lixo, uma vez que parte dos resíduos aterrados dão origem a um líquido de coloração escura, altamente poluidor, formado a partir de enzimas expelidas por bactérias de decomposição e de água de constituição, denominado chorume (ORTH, 198l). O chorume é um dos maiores limitantes para a disposição de resíduos orgânicos sobre o solo, uma vez que sua migração, desde a superfície do terreno até o lençol freático, pode transportar uma série de compostos químicos e agentes biológicos e, conseqüentemente, poluir os mananciais de águas superficiais ou subterrâneas.
A quantidade de percolado (chorume mais água de infiltração) gerada em aterros é dependente da pluviosidade local, do escoamento superficial, da possível intrusão de águas subterrâneas nas células e do volume de resíduos orgânicos presentes no aterro.
Em vista do exposto, no projeto de um aterro sanitário, deve estar, necessariamente, contemplada a instalação de rede de drenagem para o percolado e para os gases gerados nas células. O percolado coletado deve ser tratado para que possa ser lançado em corpo receptor e os gases queimados ou aproveitados como fonte de energia para minimizar a contaminação atmosférica.
O tratamento do percolado representa, ainda, um grande desafio na elaboração dos projetos de aterros sanitários, uma vez que suas características são alteradas em função da quantidade de água incorporada ao chorume, das características dos resíduos dispostos no aterro e, principalmente, da idade do aterro (FERREIRA et al., 2001). Além disso, a grande exigência de área, muitas vezes pouco disponível em áreas próximas a grandes centros urbanos, e a relativa baixa eficiência do sistema convencional de tratamento (lagoas anaeróbias seguidas de facultativa), têm levado técnicos e pesquisadores a procurarem alternativas técnicas que possibilitem o tratamento/disposição final com menor custo econômico e ambiental.
Segundo a CETESB (1995) um método tecnicamente viável para o condicionamento de percolado é a adoção de um sistema que permita a sua recirculação no próprio aterro sanitário. Segundo o IPT/CEMPRE (2000), a recirculação do percolado para o interior do aterro sanitário, de maneira que ele possa percolar através da massa de sólidos disposta em camadas, é uma técnica atual e bastante inovadora no tratamento desse líquido poluidor.
Segundo COSTA (2002) a recirculação do percolado pode possibilitar o prolongamento da vida útil dos aterros sanitários, tornar desnecessária a construção de uma unidade de tratamento para o percolado e viabilizar exploração do gás metano, uma vez que mais rápida poderá ser a conversão de ácidos orgânicos do chorume em CH4 e CO2. Pohland e colaboradores, 1984, citados pela CETESB (1995) afirmaram que o tratamento de percolados mediante a utilização da técnica de recirculação através do aterro sanitário pode ser adotado para se obter rápido declínio do potencial poluidor do percolado produzido, bem como acelerar a estabilização do lixo aterrado e reduzir o volume de percolado gerado por meio de evaporação durante o processo de recirculação na área do aterro sanitário. FERREIRA et al. (2001) comentaram que em países localizados em regiões de clima tropical, como é o caso do Brasil, a recirculação diminui, significativamente, o volume de percolado, já que a evaporação pode ser favorecida pelas condições ambientais (temperatura ambiente, ventos, radiação solar, etc.). Além disso, a recirculação permite maior flexibilidade no gerenciamento das variações da quantidade de percolado produzido. QASIM & CHIANG (1994) destacaram as seguintes vantagens da utilização da recirculação do percolado:
• aceleração da estabilização do aterro sanitário;
• redução assegurada dos compostos orgânicos presentes no percolado;
• possível diminuição de volume de percolado devido à evaporação;
• redução dos custos envolvidos no tratamento do percolado.
A redução dos componentes orgânicos e inorgânicos presentes no percolado se dá em razão da ocorrência de processos de adsorção, precipitação e quelação/complexação quando em contato do líquido com o material aterrado. A atenuação da carga poluente do chorume pode ser comprovada pela diminuição das concentrações de DBO, DQO e COT, ácidos voláteis, fosfatos, nitrogênio amoniacal e sólidos totais dissolvidos, embora apresente baixa eficiência na remoção de nitrogênio e fósforo, geralmente encontrados em altas concentrações remanescentes no líquido recirculado (IPT/CEMPRE, 2000). Em trabalho realizado por Allem, 1987, citado pela CETESB (1995), foi mencionada uma redução de cerca de 40% no conteúdo de matéria orgânica no percolado, após a recirculação ter sido iniciada, e, além disso, as concentrações de amônia, de metais e de sólidos suspensos apresentaram alguma redução. O processo de recirculação do percolado na massa de lixo acarretou, também, redução drástica na DBO da ordem de 5.000 mg L-1 para 500 mg L-1, o que facilitou o tratamento do líquido resultante (ABLP, 2000).
A recirculação do percolado pode, também, facilitar e manter condições inerentes à fase metanogênica dentro do aterro em razão do aumento do conteúdo de água e da manutenção de condições anaeróbias no resíduo disposto, embora haja alguma controvérsia nos resultados apresentados na literatura. Pohland, 1979, citado por LIMA (1988), em células de aterro experimentais, preenchidas com resíduos sólidos domésticos triturados e monitoradas durante 3 anos, concluiu que a recirculação de chorume cru (denominada por alguns autores como recirculação direta), ou seja, de chorume que não sofreu nenhum tratamento ou inoculação, é um forte mecanismo na aceleração do processo de degradação de resíduos, em particular da metanogênese. COSTA (2002) avaliando a influência da recirculação do chorume na digestão anaeróbia de resíduos sólidos urbanos e comparando os resultados desta aplicação em relação ao sistema convencional de degradação dos resíduos sólidos urbanos em aterros sanitários, concluiu que os resultados dos parâmetros físico-químicos do chorume e do biogás indicaram uma influência positiva da recirculação de chorume no processo de digestão anaeróbia. Por sua vez, LIMA (1984) observou que a recirculação direta de chorume cru causou inibição no processo de degradação, em particular na metanogênese, já que o excesso de ácidos provocou o desbalanceamento entre as taxas de produção e consumo pelos grupos bacterianos. TEIXEIRA (1993) estudando em lisímetros de 200 litros, concluiu que a recirculação de chorume cru efetivamente inibiu o processo de degradação, provavelmente por efeitos de sinergismo. Também recomendou que, quando da intenção de acelerar o processo de degradação pela recirculação de chorume, este passe primeiro por um pré-tratamento anaeróbio em reator próprio. Em vista disso, pode-se constatar que há uma controvérsia muito grande entre os autores, no que diz respeito aos efeitos no processo de degradação da massa orgânica quando há a recirculação de líquidos percolados.
A recirculação do percolado, que pode ser aspergido em áreas ativas, ou infiltrado no interior de áreas encerradas do aterro sanitário, vem sendo aplicada em diversos países (Austrália, Estados Unidos e alguns países desenvolvidos da Europa), onde é considerada uma opção muito interessante para a manutenção de umidade ótima no interior de aterros situados em zonas de baixo índice pluviométrico (PALMA et al., 2000). No Brasil, no entanto, apesar das evidências obtidas em diversos trabalhos científicos, existe um ceticismo muito grande em relação à técnica, principalmente por parte dos órgãos de fiscalização ambientais, que em virtude de alguns fracassos observados no uso inadequado da técnica, não têm aprovado o emprego da recirculação do percolado em aterros sanitários.
Segundo MARIANO (1999) a digestão anaeróbia pode ser observada em faixa de variação de 0 a 65oC, sendo o desenvolvimento de microrganismos e a conseqüente produção de gases, função da temperatura. Considerando-se que à medida que o material orgânico vai sendo degradado há um aumento substancial na concentração de ácidos fúlvicos, húmicos e humina, com conseqüente aumento da capacidade de troca catiônica e capacidade de quelação/complexação do material, espera-se grande aumento na capacidade de retenção de poluentes pelo lixo enterrado. Esse efeito pode ser comprovado pelas baixas cargas poluidoras de percolados coletados em aterros antigos (CETESB, 1995).
SOUZA (1998) encontrou menores concentrações de metais pesados em amostras de solo coletadas abaixo das células-base do Aterro Sanitário de Belo Horizonte onde o lixo foi depositado sobre uma camada de entulho de construção civil do que nas amostras de solo coletadas em áreas que não receberam este entulho. O autor atribuiu a menor presença de metais pesados na amostra retirada abaixo da camada de entulho, ao fato desta camada de entulho ser rica em material carbonático e, portanto, de pH elevado (alcalino) tendo, por isso, se transformado numa “barreira” química. Nessas condições, há maior precipitação dos metais pesados contidos no percolado nessa camada.
Apesar das evidências, pouca informação encontra-se disponível na literatura a respeito da influência da idade do lixo na qualidade do efluente recirculado nas células, o que pode ser uma informação fundamental na escolha do local adequado no aterro sanitário para a disposição do percolado, possivelmente um fator decisivo para o sucesso ou fracasso no emprego da técnica da recirculação do percolado.
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo geral
Este trabalho tem por objetivo avaliar, em lisímetros, a influência da idade do lixo na qualidade física e química do efluente de sistema de recirculação do percolado de lixo jovem (idade menor que 1 ano).
2.2. Objetivos específicos
- Caracterizar a composição gravimétrica do lixo aterrado por diferentes períodos utilizado no preenchimento dos lisímetros;
- Avaliar a qualidade do efluente dos lisímetros contendo resíduos urbanos de diferentes idades, submetidas à recirculação de líquido percolado;
- Avaliar a influência da camada de entulho na qualidade do percolado;
- Monitorar as condições de degradação anaeróbia do material orgânico em função da adição regular de percolado.
3. MATERIAL E MÉTODOS
3.1. Aparato experimental
A pesquisa será desenvolvida na Área Experimental de Hidráulica, Irrigação e Drenagem do Departamento de Engenharia Agrícola e Ambiental da UFV. Para o desenvolvimento das atividades de pesquisa serão construídos seis lisímetros, para representar células de um aterro sanitário.
Os lisímetros serão montados em recipientes de concreto (manilhas) de 2,00 m de altura e diâmetro interno de 1,00 m, perfazendo um volume de aproximadamente 1570 L. Os lisímetros serão dotados de um sistema de drenagem no fundo para coleta do percolado, recipiente de coleta de percolado, sistema de recirculação do percolado, dispositivo para medição e retirada de amostras de gases, dispositivo para tomada e medição da temperatura da massa de resíduos (Figura 1).
A camada de drenagem será composta de 5 cm de brita zero, no fundo do lisímetro. A brita deve estar limpa e possuir tamanho mínimo de partículas entre 3 a 5 mm. Sobre a brita deverá ser assentado um tubo de PVC de 2,5 cm de diâmetro e em seguida preenchido à profundidade de mais 5 cm, com o mesmo material, minimizando assim, o carreamento de sólidos grosseiros junto com o percolado (Figura 1.a).
O dispositivo de coleta do líquido percolado será basicamente composto por um tubo de PVC de 2,5 cm de diâmetro, um registro de gaveta de 2,5 cm, 80 cm de mangueira cristal de 2,5 cm de diâmetro e uma rolha de borracha. A mangueira cristal deverá formar um sifão com selo hidráulico, durante a abertura do registro, permitindo assim, a coleta do líquido sem a entrada de ar no lisímetro (Figura 1.b).
O dispositivo de controle da altura de líquidos será constituído por uma mangueira cristal com 8 mm de diâmetro que sai do fundo do lisímetro e paralela a este (Figura 1.c).
O dispositivo de inoculação e introdução do líquido percolado será composto de um tubo de PVC branco, perfurado e instalado na vertical. Na parte do tubo externa ao lisímetro, será conectados um registro de gaveta e uma rolha de borracha para impedir a entrada de água de chuva. Na saída deste tubo, será colocado um funil, por onde será adicionado o líquido efluente que se distribuirá sobre a superfície do lixo, no interior dos lisímetros. Na superfície do resíduo enterrado (no contato da camada de solo com a do lixo), será colocada uma camada de areia, objetivando-se uma melhor distribuição do fluxo sobre a massa de lixo. (Figura 1.d).
Figura 1 – Esquema dos lisímetros experimentais de resíduos sólidos urbanos.
A geração (volume produzido) e a migração dos gases será feita através de um dreno vertical que consistirá de um tubo de PVC de 40 mm de diâmetro envolvido com uma membrana geotêxtil, previamente instalado verticalmente no interior da massa de lixo durante o preenchimento dos lisímetros (Figura 1.e).
A medição de temperatura da massa de resíduos sólidos urbanos contidos nos lisímetros será feita com uso de medidores de temperatura da massa sólida (termopares) instalados em diferentes profundidades no lisímetro (Figura 1.f).
3.2. Preenchimento dos lisímetros
Inicialmente, discutiu-se o tipo de resíduo a ser utilizado no preenchimento dos lisímetros e optou-se pelo uso dos resíduos sólidos urbanos provenientes do Aterro Sanitário de Visconde do Rio Branco (MG), composto de três idades diferentes, denominados neste trabalho como:
- lixo fresco: recém coletado ou de idade até 3 meses, denominado jovem;
- lixo maduro: lixo aterrado por 10 a 12 meses;
- lixo velho: lixo aterrado por mais de 3 anos.
Os seis lisímetros serão preenchidos com o lixo acima discriminados, porém, em três lisímetros será acondicionada uma camada de 30 cm de entulho de construção civil sobre a camada de drenagem, para avaliação de sua influência na qualidade do efluente dos lisímetros (Figura 1.g).
A composição gravimétrica dos resíduos sólidos urbanos será determinada previamente.
O lançamento e compactação do lixo serão feitos manualmente, com o auxílio de hastes de madeira, de forma a representar as condições reais, compatíveis com as de uma cidade de pequeno porte, devendo-se atingir um peso específico médio de 7 kN.m-3 com espessura final de 1,50 m de lixo.
Ao final, sobre o lixo, será feita uma cobertura de 30 cm composta de uma argila compactada, que servirá de “selo” juntamente com uma camada de grama, encerrando-se a execução do mesmo (Figura 1.h).
3.3. Caracterização física dos resíduos sólidos urbanos
Com o lixo retirado do lixão de Visconde do Rio Branco, será feita uma separação para caracterização dos materiais constituintes, determinando-se a sua composição gravimétrica de acordo com as categorias presentes na Tabela 1, apresentada por LIBÂNIO (2002).
Tabela 1 – Composição gravimétrica dos resíduos de acordo com a categoria dos seus constituintes
Tipo de material Grupo Categoria Exemplos
Identificável I
ou inertes
ou pouco biodegradáveis Vidro Embalagens, espelhos
Metal ferroso Latas, arames, lâminas
Metal não ferroso Embalagens de alumino, fios de cobre
Plástico fino Sacos, rótulos
Plástico duro Tampas, embalagens
PET Garrafas de refrigerante
Entulho Tijolos, blocos, pedras
Outros(1) Material de higiene pessoal (fraldas descartáveis, absorventes), palhas de aço, borrachas, preservativos, isopor, espumas
II
ou
lentamente
biodegradáveis Papel reciclável Papel de escritório, jornais, revistas
Papel não reciclável Embalagens de alimento, papel higiênico
Papelão Embalagens
Tetra Pak Embalagens de suco e leite
Tecido Roupas e trapos
Couro Bolsas, sapatos, cintos
Madeira Peças de madeira, pedaços de mobília
III ou
altamente
biodegradáveis Matéria orgânica
putrescível Restos de alimentos, frutas, animais mortos, fezes
Podas Folhas, galhos
Ossos Ossos de animais
Dificilmente
identificável Material particulado de difícil identificação Material orgânico e inerte miúdo, todos intimamente misturados
Excluído(2) Material retirado da amostra de resíduos Pneus, pilhas, baterias, remédios, seringas, gazes e esparadrapos
(1) Todo material que não se enquadra nas categorias existentes e que não apresenta relevante percentual em peso.
(2) Material cuja destinação a aterros sanitários acredita-se ser tecnicamente inadequada, perigosa em termos de saúde pública ou está impedida pela legislação ambiental, e que não foi computado na caracterização, sendo descartado ainda no lixão de Visconde do Rio Branco.
3.4. Recirculação do líquido percolado
O sistema de recirculação do percolado consistirá na introdução do líquido abaixo da camada de solo de cobertura. O líquido a ser recirculado será coletado em três lisímetros semelhantes aos que serão construídos para o presente trabalho, que já estão em operação, produzindo percolado de lixo novo numa pesquisa em desenvolvimento no Departamento de Engenharia Civil (Figura 2).
Figura 2– Lisímetro em operação no Departamento de Engenharia Civil.
O líquido coletado nos lisímetros não será submetido a qualquer pré-tratamento, caracterizando-se, desta forma, recirculação direta. O líquido drenado e a quantidade retirada, servirão de amostras para análises de acompanhamento. Em seguida, todo esse líquido será circulado nos lisímetros a serem desenvolvidos neste trabalho de acordo com o que foi apresentado anteriormente.
Objetiva-se fazer a recirculação a cada dois dias, ocorrendo a aplicação em um período de 8 horas.dia-1.
3.5. Produção de percolado
Diversos fatores contribuem para a quantidade e a qualidade do percolado. A pluviometria é um fator fundamental na quantidade de percolado a ser produzido no aterro.
A previsão da quantidade de percolado produzida é um parâmetro crítico no projeto de um aterro sanitário. De maneira geral, a altura de percolado que alcança a base dos resíduos (Lv) é fundamentada no balanço hídrico (KOERNER & DANIEL, 1998), calculado a partir da seguinte equação:
Lv = P – R – AS – ET (3.1)
Onde:
P = precipitação mensal;
R = altura perdida pelo escoamento superficial;
AS = altura de água absorvida pelos resíduos;
ET = altura perdida por evapotranspiração.
Na Figura 3 está representado o fluxo de água em um aterro sanitário.
Figura 3 – Esquema do fluxo de água em um aterro sanitário (CORRÊA SOBRINHO, 2000).
Mediante o exposto, será feita a avaliação da vazão a partir da equação (3.1) de balanço hídrico.
Os líquidos percolados serão recolhidos através da torneira de drenagem (Figura 2). O volume deste líquido será medido com proveta graduada e a sua temperatura anotada. A freqüência da amostragem dos líquidos será diária.
3.6. Amostragem dos gases
O monitoramento da produção de gases em aterros sanitários de resíduos sólidos tem como objetivo avaliar o processo de decomposição da matéria orgânica do lixo em conjunção com os demais parâmetros monitorados (temperatura e características físico-químicas do líquido percolado). A composição do gás em geral é CH4 (50% a 70%) e CO2 (30% a 50%).
O biogás produzido nos lisímetros será coletado semanalmente utilizando seringas de 20 mL. Após a amostragem, os gases serão conduzidos ao Laboratório do Departamento de Química para serem determinadas as concentrações de metano (CH4) e dióxido de carbono (CO2), em termos percentuais, utilizando um equipamento de cromatografia gasosa.
3.7. Determinação da temperatura da massa
Segundo a CETESB (1995) a temperatura não deve sofrer variações bruscas, mantendo-se entre 25 e 40 oC para as bactérias mesofílicas, ou entre 55 e 65 oC para as bactérias termofílicas. A velocidade do processo é maior na faixa termofílica, embora geralmente os gastos com aquecimento e as dificuldades de controle de processo sejam maiores.
A determinação da temperatura da massa em digestão do material contido no interior dos lisímetros será realizada mensalmente, feita com uso de medidores de temperatura (termopares).
3.8. Análise do efluente dos lisímetros
As análises do líquido percolado, quanto à sua caracterização, antes e após recirculação, serão feitas mensalmente para o acompanhamento do processo de degradação.
Os parâmetros físicos, químicos, bioquímicos e bacteriológicos do líquido percolado a serem analisados serão: DQO, DBO, pH, potencial redox, condutividade elétrica, sólidos (totais, fixos e voláteis), nitrogênio orgânico, nitrato, nitrogênio amoniacal, ortofosfato, metais (Al, Ca, Cd, Cr, Cu, Fe, Mg, Mn, Ni, Pb e Zn), coliformes totais e fecais, seguindo-se metodologia apresentada no Standard Methods for the Examination of Water and Wastewater (AWWA/APHA/WEF, 1998).
3.9. Análise estatística
Os dados obtidos pelos parâmetros físicos, químicos, bioquímicos e bacteriológicos do líquido percolado serão analisados por meio de análise de regressão, considerando a variável independente o tempo.
Os modelos serão escolhidos baseados na significância dos coeficientes de regressão utilizando o teste de “t” adotando-se o nível de até 10% de probabilidade, no coeficiente de determinação e no fenômeno biológico.
Para interpretação dos dados, será utilizado o software estatístico SAEG – Sistema de Análises Estatísticas (versão 8.0/2001), desenvolvido na Universidade Federal de Viçosa.
4. LITERATURA CITADA
AWWA/APHA/WEF. Standard methods for the examination of water and wastewater. 20th edition. New York, 1998.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE LIMPEZA PÚBLICA – ABLP. Curso básico sobre aterro sanitário. São Paulo, 26 a 29 de setembro de 2000.
COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL E LIMPEZA PÚBLICA – CETESB. Caracterização e estudo de tratabilidade de líquidos percolados de aterros sanitários. São Paulo, 1995. 66 p.
CORRÊA SOBRINHO, N.L. Análise do balanço hídrico em aterros sanitários. Viçosa: UFV, 2000. 123 p. Dissertação (Mestrado em Engenharia Civil) – Universidade Federal de Viçosa, 2000.
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INSTITUTO DE PESQUISAS TECNOLÓGICAS – IPT; COMPROMISSO EMPRESARIAL PARA RECICLAGEM – CEMPRE. Lixo Municipal. Manual de Gerenciamento Integrado. 2ª edição. 370 p. São Paulo. 2000.
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TEIXEIRA, E.N. Efeito inibidor da recirculação direta de chorume na decomposição aneróbia de resíduos sólidos. Dissertação de mestrado, Escola de Engenharia de São Carlos, São Carlos, SP., 1993. 388 p.
5. CRONOGRAMA DAS ATIVIDADES A SEREM DESENVOLVIDAS
ATIVIDADE MÊS DE EXECUÇÃO
Mar/03 Ab/
03 Mai/03 Jun/
03 Jul/
03 Ag/
03 Set/
03 Out/
03 Nov/03 Dez/03 Jan/
04 Fev
/04 Mar/04 Abr/
04 Mai/04 Jun/
04 Jul/
04 Ago/04 Set/04 Out/
04 Nov/04 Dez/ 04 Jan/
05 Fev/
05
- instalação das células x x x x
- acondicionamento do lixo de diferentes idades nas células x x
- recirculação do chorume x x x x x x x x x x x x x
- coleta e análise de amostras do efluente das células x x x x x x x x x x x x x
- coleta e análise de amostras de gases produzidos nas células x x x x x x x x x x x x x
- análise dos resultados x x x x x x x x x x x
- publicação dos resultados x x x x x x
- elaboração do relatório final x x
6. ORÇAMENTO ANUAL DETALHADO
6.1. Despesas de custeio
6.1.1. Remuneração de serviços pessoais
Valor (R$) 52.149,36
Membro da Equipe Horas/semana Valor/anual Valor total Fonte
Salário do líder e co-lideres 5 7.200,00 14.400,00 UFV
Salário de co-orientadores 2 2.400,00 4.800,00 UFV
Laboratorista 15 3.600,00 7.200,00 UFV
Salário do doutorando 40 12.874,68 25.749,36 CNPq
Sub-total 26.074,68 52.149,36
6.1.2. Material de consumo
Valor (R$) 14.498,60
Especificação Unid. Quant. Valor Fonte
Unitário Total
Pipeta de Pasteur c/ 100 unidades Cx. 5 32,00 160,00
Filtro Whatman nº 05 c/ 100 unidades Cx. 5 125,00 625,00
Frascos Vidro cor Âmbar cap. 250 mL Unid. 50 1,50 75,00
Caixa de isopor cap. 50 litros Unid 2 20,00 40,00
Manilha de concreto 1,00 m altura 1,00 m Unid 12 98,00 1176,00
Tubo de PVC rígido esgoto diâmetro de 80 mm c/ 6 m comp. Pç 15 25,00 375,00
Registros borboleta ¾” Pç 6 10,00 60,00
Pedra britada m3 5 30,00 150,00
Areia m3 6 20,00 120,00
Bomba centrífuga 2 cv Unid 1 400,00 400,00
Mangueira de polietileno de ¾” m 100 1,50 150,00
Tubo de cola para PVC 100g Unid 6 1,20 7,20
Fita teflon veda rosca 50 m Unid 2 2,70 5,40
Curva de 45 Unid 10 6,50 65,00
Tê Unid 10 2,00 20,00
Garrafas plásticas para soro Unid 300 1,00 300,00
Disquete de 3 1/2” Cx 5 10,00 50,00
Plásticos transparentes Unid 100 0,50 50,00
Frascos de polietileno 100 mL Unid 500 0,40 200,00
Papel ofício A4 (pacote c/ 500 fl) Unid. 5 9,00 45,00
Cartucho de tinta p/ impressora Pç 5 85,00 425,00
Vidrarias - - - 4.000,00
Reagentes - - - 6.000,00
Sub-total 14.498,60
6.1.3. Material permanente e equipamentos
Valor (R$) 7950,00
Especificação Quant. Valor Fonte
Bloco digestor com colorímetro para análise de DQO 1 2.800,00
Micro computador Intel Pentium III 1000 MHz memória 128 MB HD 20,0 GB Disk 1,44/CD room/DVD 8 MB de memória de vídeo, vídeo 17” Modem 56 K ou similar 1 4.700,00
Impressora colorida jato de tinta 1 450,00
Sub-total 7.950,00
6.1.4. Serviços de terceiros e encargos diversos
Valor (R$) 5.800,00
DESCRIÇÃO REMUNERAÇÃO FONTE
Cópias xerográficas 300,00
Transporte 1.000,00
Trator (h) 1300,00
Ajudante (homem-hora) 1500,00
Retroescavadeira (h) 1700,00
Sub-total 5800,00
6.1.5. Resumo de usos e fontes
Valor R$ 80.397,60
USOS FONTES VALOR
UFV CNPq
Pessoal 26400,00 25749,36 52149,36
Mat. de
Consumo 14.498,60 14.498,60
Mat. Permanente e Equipamento 7950,00 7950,00
Serviço de terceiros 5800,00 5800,00
TOTAL 26400,00 25749,36 28248,60 80397,96
EXERCÍCIO PRÁTICO DE TERAPIA NUTRICIONAL
De acordo com o Regulamento Técnico para Terapia Enteral (Portaria n 337 de 14/04/99 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária) compete ao nutricionista:
- Orientar o paciente, a família ou o responsável legal, quanto à preparação e à utilização de NE prescrita para o período após a alta hospitalar.
- Participar, promover e registrar as atividades de treinamento operacional e de educação continuada, garantindo a atualização de seus colaboradores, bem como para todos os profissionais envolvidos na preparação da NE.
1. Após realizar uma leitura do anexo II e III deste regulamento, desenvolva um material educativo direcionado para os funcionários envolvidos com a NE.
Material Educativo:
O acesso ao local de preparação da Nutrição Enteral deve ser exclusivo aos funcionários diretamente envolvidos.
Lavar corretamente as mãos e antebraços imediatamente antes de entrar na sala de manipulação e após a descontaminação das embalagens dos insumos, NE industrializada ou quando da contaminação acidental no próprio ambiente. A lavagem correta das mãos e antebraços deve ser feita da seguinte maneira:
- Lavar as mãos e antebraços com água e sabão;
- Massagear as mãos e antebraços por pelo menos 15 segundos;
- Enxaguar em água corrente, de preferência quente;
- Enxugar com papel toalha branco não reciclado ou ar quente;
- Aplicar o anti-séptico sobre as mãos;
- Secar as mãos ao ar naturalmente.
Não é permitido a utilização de cosméticos e adornos pessoais (pulseira, brincos, relógio, etc) na sala de manipulação.
Não é permitido conversar, comer, fumar, beber e manter plantas nas áreas de preparação.
Os funcionários devem estar adequadamente uniformizados: sapato fechado ou botas, avental fechado ou macacão com mangas compridas, decote fechado, gorro ou touca e máscara.
O uniforme usado na sala de manipulação deve ser exclusivo e substituído a cada sessão de trabalho.
Os uniformes reutilizáveis devem ser guardados separados, em ambientes fechados até que sejam apropriadamente lavados e ou sanitizados.
Todos os funcionários devem comunicar aos seus superiores imediatos quaisquer condições relativas ao ambiente, equipamento ou pessoal que considerem prejudiciais à qualidade da NE.
Antes do início do trabalho de manipulação da NE deve ser verificado a condição de limpeza dos equipamentos e os respectivos registros.
Após o término do trabalho de manipulação da NE, os equipamentos e utensílios devem ser limpos e sanitizados.
Todas as embalagens de insumos, NE industrializada e recipientes devem ser limpos e sanitizados antes da entrada na sala de manipulação.
Todas as superfícies de trabalho devem ser sanitizados antes e depois de cada sessão de manipulação.
Após a manipulação da NE, os equipamentos e utensílios devem ser limpos e sanitizados, efetuando-se os respectivos registros desses procedimentos.
Todos os materiais e insumos devem ser armazenados sob condições apropriadas, de modo a preservar a identidade e integridade dos mesmos, e de forma ordenada facilitando a separação dos lotes e rotação do estoque, obedecendo a regra: primeiro que sai, primeiro que entra.
Os materiais de limpeza devem ser armazenados separadamente dos materiais e insumos.
Toda NE preparada deve ser conservada sob refrigeração, em geladeira exclusiva, com temperatura de 2°C a 8ºC.
2. Com base no mesmo material, escreva orientações para o paciente e seus familiares quanto aos cuidados de higiene, preparo, conservação e administração da dieta enteral, adequando a uma linguagem mais simples e às condições domiciliares.
Orientações :
Higienizar corretamente as mãos e antebraços antes de preparar a dieta, lavando-as com sabão e enxaguando em água corrente.
Antes da preparação da NE, verificar a condição de limpeza dos equipamentos, utensílios e local de preparação da alimentação. Toda a superfície de contato com os alimentos deve ser limpa antes e depois de cada preparação da alimentação enteral.
Após o preparo da NE, todos os materiais e equipamentos utilizados devem ser limpos. Lavar cuidadosamente com água e sabão, e enxaguar bem.
Procure manter o local de preparo da alimentação sempre limpo, principalmente antes de iniciar a preparação.
Pesar ou medir corretamente todos os ingredientes incluídos na dieta do paciente.
Utilizar água filtrada ou fervida.
Procure manter horários regulares da sua alimentação, evitando intervalos longos entre as refeições.
Para o preparo do mingau, misturar todos os ingredientes no leite frio, e deixar cozinhar a farinha por uns 10 minutos, após fervura. Retirar do fogo, coar em peneira fina, deixar amornar e injetar pela sonda. Se você quiser preparar o mingau para o dia todo, o restante deve ser guardado em geladeira ou local fresco, em vasilha limpa e tampada até a hora da próxima refeição, quando você deve retirar da geladeira a quantidade a ser oferecida e aquecer em banho-maria para amornar.
O suco deve ser preparado na hora de injetar pela sonda, e deve ser dado à temperatura ambiente. Não prepará-lo com muita antecedência. O suco também deverá ser coado em peneira fina.
Para preparar a sopa de legumes oferecida nos horários do almoço e do jantar, seguir as seguintes recomendações:
- Lavar cuidadosamente todos os legumes
- Depois de todos os alimentos cozidos, estes deverão ser liquidificados ou amassados com um garfo e coar em peneira fina. Completar o volume com água pura e injetar pela sonda.
- Se você quiser preparar a sopa para o almoço e jantar de uma só vez, o restante deve ser guardado em geladeira ou local fresco em vasilha limpa e tampada.
Após a administração da dieta, a sonda deverá ser lavada com água filtrada. Usar mais ou menos meia xícara de água por vez (50 ml).
A sopa e o mingau devem ser injetados em temperatura morna.
3. Em seguida desenvolva uma lista de substituição de alimentos:
Lista de Substituição:
- Para o preparo do mingau:
Leite Integral ou Leite em pó;
Qualquer tipo de farinha: maisena, creme de arroz, fubá ou farinha de trigo
Açúcar comum, açúcar preto ou mel
- Suco de fruta:
Você poderá utilizar suco de laranja, lima, mexerica, abacaxi, maçã, banana e outras frutas da época.
- Sopa de legumes com arroz e carne:
Você poderá utilizar legumes variados como: batata inglesa, mandioca, cará, inhame, batata doce, cenoura vermelha, cenoura amarela, abóbora moranga, abobrinha, chuchu, vagem, tomate, beterraba, ou outras da época.
Substituir o arroz por macarrão ou angu.
Substituir a carne por ovo ou soja em pó
- Vitamina de Banana ou Mamão:
Substituir as frutas de acordo com a sua preferência ou outras da época.
Leite Integral ou leite em pó
Substituir o leite condensado por açúcar ou mel
4- O paciente E.S.O. foi submetido a gastrostomia, visto que seu consumo via oral era quase nulo, seu estado nutricional já estava debilitado e devido a necessidade de ser submetido à cirurgia dentro de do prazo de um mês. Você concordou com a conduta quanto ao posicionamento da sonda e a via de acesso? Justifique, considerando as vantagens e desvantagens de cada uma.
Sim. Eu concordei com a conduta adotada porque o paciente encontra-se em estado debilitado e com grande dificuldade de se alimentar devido à estenose esofágica parcial acusada pelo tumor, consequentemente não conseguindo atingir as necessidades recomendadas. A gastrostomia é a via de acesso preferida para pacientes que necessitam de NE por mais de 3 a 4 semanas como é o caso do paciente que vai operar em um mês e é um procedimento rápido de mínimas complicações. Já a sonda nasogástrica seria inviável nesse caso ,pois ocorre uma obstrução parcial do esôfago. A gastrostomia também permite ao paciente mais liberdade de movimentos do que a sonda , facilitando certas atividades como banhar-se ou vestir-se. As desvantagens dessa via de acesso seria a ocorrência de algumas complicações como: sangramento, vazamento de suco gástrico, que pode levar à irritação e ulceração da pele. O posicionamento da sonda no estômago é adequado, pois preserva a sequência fisiológica da absorção e metabolismo dos nutrientes, bem como a liberação de hormônios digestivos. Previne também riscos de aspiração, como pode ocorrer com a sonda nasoentérica. Porém, deve ser atentado ao risco de ocorrer uma estase gástrica, o que causaria um grande desconforto ao paciente.