quarta-feira, 28 de outubro de 2009

A sazonalidade nas etapas de criação da rã-touro em cativeiro

Resumo
Introdução:

A sazonalidade nas etapas de criação da rã-touro em cativeiro, resultando em irregularidade na produção, tem feito com que muitos produtores busquem, como solução, a ampliação de setores do ranário, como o de reprodução, embora esta prática, além de onerosa, não resolva a situação. Também o planejamento da produção fica comprometido, pelo mesmo motivo, chegando a inviabilizar projetos pela irregularidade de fornecimento do produto, dentre outros motivos, em certos períodos do ano. O monitoramento e o controle das variáveis climáticas, aliado a técnicas que uniformizem a reprodução, permitem uma programação da produção de forma adequada ao longo do ano. A indução à reprodução, por meio do uso de extrato bruto hipofisário, tem sido difundida, permitindo a programação desta etapa, regularizando a produção durante todo o ano.
Os eventos reprodutivos são dependentes de fatores climáticos e ambientais, mas também do estado fisiológico em que o animal se encontra, tendo sido objeto de estudo de diversos autores, no Brasil e exterior.
As técnicas de indução à ovulação e fertilização artificial têm importante papel na resolu¬ção deste problema, pois usam hormônios liberadores de gonadotropina para desencadear o processo reprodutivo, tornando desnecessários os estímulos ambientais e possibilitando a sincronização das desovas


Técnica de fertilização artificial:

A técnica de fertilização artificial segue a metodologia proposta por Falcon e Culley (1995) e Alonso (1997), aplicando doses hormonais na indução da ondulação e espermação. E a metodologia para reprodução artificial de peixes com ovos não aderentes (Woynarovich e Horváth, 1983). Descrita como:
a) Indução à ovulação. Aplicação. de 10 pg de hormônio liberador de gonadotropina ((Des-Gli lO, D¬His(Bzl)6, Pro-NHEt9)-LHRH)) por kg de peso vivo,
a cada 12 horas, até a ovulação, que ocorre de 24 a 36 horas após a primeira aplicação.
b) Coleta de esperma. Aplicação de 10 gg de LHRHa por kg de peso vivo. Uma hora após a aplicação, o esperma é retirado, introduzindo a ponta de uma pipeta de 2,0 mL na cloaca do macho e coletando de 2,0 a4,0 mL de esperma (Figura 1). São usados dois a três machos para cada fêmea, e a mistura de esperma deve ser diluída em 100 mL de água, pouco antes da fertilização artificial.
c) Extração dos óvulos. A extração é realizada segurando a fêmea pelas patas posteriores e compri¬mindo levemente o ventre com o auxílio do polegar. Os óvulos são coletados em recipiente seco e limpo. O tempo necessário para o completo esgotamento do ovário é de, aproximadamente, um minuto (Figura 2).
d) Fertilização artificial. 0esperma diluído é vertido sobre os óvulos, agitando-se a mistura por, aproxima¬damente, dois minutos. Os ovos fecundados são misturados em 15 litros de água, até a completa hidratação. Após a hidratação, os ovos são colocados em incubadoras de madeira flutuantes providas de fundo de tela plásticacom malhade 1,0 mm (1,0 m x 0,70 m), --- -de acordo com as recomendações de LIMA e AGOS¬--TINHO (1988).


Resultado:

A taxa média de desova de animais com peso médio de 360g varia de 39 a 83% e o número de girinos obtidos por desova é 9600. O que supera os valores de acasalamentos naturais nos canários comerciais, que ocilam entre 5.000 e 10.000 (Lima e Agostinho, 1992). Taxas de formação são semelhantes a obtidas por Ribeiro Filho (1998 b) e o número de girinos foi semelhante ao obtidos por Agostinho e Victheroy (1996).
Constatou-se que, quando a fecundação é simultânea à extração dos óvulos, há formação de grumos que dificultam a respiração dos ovos recém-fecundados e dos futuros embriões, causando mortalidade de embriões e ovos nas primeiras divisões.
Na técnica de fertilização proposta, a formação de grumos é evitada na extração dos óvulos, na diluição do esperma e na hidratação dos ovos. Os óvulos devem ser fertilizados somente após o completo esgotamento do ovário. Tal procedimento evitará a hidratação irregular e a formação de grumos. A diluição do esperma com 100 a 200 mL de água facilita a misturados ovos como esperma, dispensando utensílios para a homogenização, como penas ou pás. Além disso, inicia-se a hidratação dos ovos de maneira uniforme, evitando a formação de grumos. A hidratação dos ovos em 15 litros de água não permite a aderência entre os ovos, evitando a formação de grumos, e facilita a distribuição da desova nas incubadoras.

Conclusões:

A taxa média de fertilização obtida com as modi¬ficações propostas foi superior a 60%. Ressalta-se, ainda, que foram obtidas várias desovas de um mes¬mo animal, em curto intervalo de tempo (45 dias),aumentando a eficiência de aproveitamento do plantel de reprodutores.(Agostinho ecal, 2000).


Referências Bibliográficas:

Agostinho, C,A; Wechsler, F.S; Nictheroy, P.E; Pinheiro, D,F. 2000. Tradução à acumulação pelo uso de LHRH aválago e fertilização artificial de Rã – Touro (Rana Catesbeiana).R.Bros.Zootec. 29(5):1261-1265.
Agostinho,C.A, Nicteroy, P.E. 1996. Ensaios sobre a utilização de hormónio LHRH a na reprodução de rã-touro (Rana catesbeiana).In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33, Fortaleza, Ce, 1996. Anuis... Fortaleza: SBZ, 1996. p 430-431.
AGOSTINHO, C.A., NICTHEROY, P.E.. PINHEIRO, D.F. BONFIM, R.M. Técnica de fertilização artificial em rã-touro (Rana catesbeiana). In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 35, Botucatu, SP, 1998. Anais... Botucatu: SBZ, 1998. p.152-153.
ALONSO, M. Uso de análogos do GnRH para indução de desova e espermiação em rã touro, Rana catesbeiana Shativ, 1802. São Paulo, SP: USP, 1997. 136p. Tese (Doutorado) - Universidade de São Paulo, 1991.
LIMA, S.L., AGOSTINHO, C.A. 1988. A criação de rãs. Rio de Janeiro: Editora Globo (Coleção do Agricultor). 187p.
LIMA. S.L., AGOSTINHO. C.A. 1992. A tecnologia de criação de rãs. Viçosa: UFV, Imprensa Universitária. 168p.
RIBEIRO FILHO, O.P., LIMA, S.L., ANDRADE. D.R. SEIXAS FILHO, J.T. 1998b. Estudo da desova de rã-touro, Rana catesbeiana, mediante indução do acasalamento. R. Bras.
Zootec., 27(4):658-663.
WOYNAROVICH, E.. HORVVATH, L.A. 1983. Propagação artificial de peixes de águas tropicais. Manual de extensão. Brasília-DF: FAO/CODEVASFICNPq. 80p.

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